ENCONTRO COMIGO MESMO DEZ ANOS ATRÁS

  Revirando as caixas em minha nova casa, a fim de organizá-las, acabei me deparando com algumas pilhas de revistas e a atitude foi automática: parei o que estava fazendo e saquei a primeira, uma Cemporcento de 2011, se não me engano, com um fs fifty do Samuel Jimmy estampando sua capa. Capa essa que, ainda hoje, faria com que qualquer um pagasse um pau e fez com que eu, imediatamente, entrasse em uma espécie de máquina do tempo. 

  O peso daquele amontoado de papel, o cheiro inconfundível, o lamber dos dedos a fim de avançar aquelas páginas carcomidas pelo tempo, com orelhas posicionadas exatamente no mesmo lugar aonde minha mão agora se dirigia novamente , o mistério de quem estará na próxima página.

  Índice, editorial, o entrevistado. Frame, espaço amador. Quem seriam os da vez e que material eles teriam para nos apresentar enquanto leitores sedentos por cada nova edição? 

  Sentado ali, em minha cápsula temporal, uma parte de mim sorriu, feliz em poder estar em um lugar tão prazeroso mais uma vez, enquanto outra chorou, pelo mesmo motivo: estar ali e saber que já não é essa a realidade em que vivemos, que passamos de uma realidade onde o skate era um fim para uma onde ele não passa mais de um meio para a obtenção de likes e seguidores. A manobra? Um ss bs grind na borda despencando do Macba, em Barcelona, do Danilo Diehl, uma versão de mim mesmo que viveu nessa época e que, frequentemente, habitava essas páginas mágicas.

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