PEÇAS GRINGAS MAIS BARATAS: SALVAÇÃO OU ARAPUCA?

No último dia 20, nosso estimado presidente da república anunciou, via twitter, a diminuição da alíquota de importação para os materiais de skate de 20% para 2%.

Juntamente com os instrumentos musicais, o skate entra para um rol de mais de 600 itens, segundo o governo federal, que já tiveram suas alíquotas de importação baixadas ou zeradas, a exemplo das armas e dos pneus, que tiveram o imposto zerado pelo mandatário a fim de agradar aos caminhoneiros. A medida começou a valer dia 27.

Não sei se por empatia para com as minorias – traço típico do comandante – ou se porque o 03 resolveu voltar a dar umas bandas e até mesmo ele se assustou com o preço do Indy na net (média de 800 mangos), mas confesso que tal medida veio em bom momento, afinal, já não via a hora de poder montar uma nave nova e, ainda por cima, voltar para mi casa portando 1 kg de carne moída, que poderei comprar com o valor que irei economizar. Carne moída de segunda. Quer valer? Então vamos aos cálculos: suponhamos uma compra de peça gringa no valor de R$200,00. Com a alíquota antiga, tal compra seria taxada em 20%, ou seja, R$40,00, e o valor final seria de R$240,00. Com a nova alíquota, de 2%, a mesma compra teria um valor final de R$204,00, com uma economia de R$38,00 em comparação à alíquota antiga. O mesmo valor de 1 kg de acém ou, com sorte, patinho.

E é aí que vem a pergunta (ou as perguntas): Num momento tão crítico pelo qual vem passando nosso país, talvez não seria mais jogo criar medidas que visem ao fortalecimento da cena local, da indústria local, criando ou mantendo, assim, empregos, marcas, equipes, consumo e até mesmo o lucro internamente, em vez de medida que traz tão pífia economia ao bolso dos consumidores – e isso em tese, afinal, você já viu algum produto baixar de preço para o consumidor após qualquer medida de isenção de impostos por parte do governo? Será que com uma economia real de 15% na compra das peças importadas (dessa maneira, o Indy do exemplo citado anteriormente sairia por R$680,00 em vez de R$800,00) seremos nós os verdadeiros beneficiados ou será que meia dúzia de importadores e grandes grupos, aqueles que detêm a tocha, serão quem realmente continuarão abrindo caminho rumo à  internacionalização do mercado doméstico e à devastação da cena local através da monopolização das marcas? Eu já tenho minhas respostas. 

Não sou hipócrita, não vou lhe dizer que só uso skate 100% nacional desde pequenino, mas uma coisa é certa: os materiais nacionais evoluíram absurdamente nos últimos anos e são eles, preste atenção, são eles que possibilitam a existência de uma das maiores potências do skate mundial e o surgimento praticamente incessante dos Rodrigos, dos Tiagos e dos Felipes da vida. São eles, não se engane. E outra, quer economizar? Então pegue os 800 com que você ia comprar o Indy, compre um truck nacional dos mais bolados, compre um shape também e depois vá ao mercado. Lá, compre a carne de segunda e mais uns dois bifes de contra, e compre máscara e álcool em gel também. Escolha uma boa hora, sem crowd, e vá andar no Vale. Agora ponha a mão no bolso onde você guarda o dinheiro... Sobrou pra breja, né?



Comentários

  1. Bela analise xará de apelido. Ainda que a maioria das marcas gringas instaladas no Brasil, principalmente as de shapes, não importem mais. Na verdade acho que essa medida, no fundo, no fundo, ajude bem pouco o consumidor final. Resta torcer para que, de uma forma ou outra, se busque saídas e alguns benefícios para as marcas nacionais, principalmente as que trabalhar de forma correta, pagando seus impostos, patrocinando skatistas e eventos.

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